quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Vitória da altivez

Com José Serra, as forças de oposição adquiriram uma estatura que se julgava alquebrada

Brasília (01) – José Serra recebeu neste domingo o voto de brasileiros 43.711.388. Foi a maior votação já obtida por um candidato à presidência da República que não tenha sido eleito. Também é superior aos votos recebidos por quaisquer dos pretendentes do PSDB que tenham disputado o cargo, incluindo Fernando Henrique Cardoso, presidente por dois mandatos consecutivos. Por distintos ângulos que se olhe, Serra é um vitorioso.

Também em termos relativos, foi o maior sufrágio obtido desde as eleições de 1994 por um candidato à presidência não eleito: 43,95%. Nas últimas duas disputas, decididas em dois turnos, o vitorioso alcançou mais de 60% dos votos válidos. Desta vez, a diferença foi de apenas 12 pontos percentuais, o que impõe ao escolhido pela vontade popular uma maior clareza quanto aos limites de seu poder.

Em 11 estados, Serra terminou a eleição na frente de Dilma Rousseff. Nunca um presidente eleito concluiu a disputa derrotado em tantos e tão importantes unidades da Federação: Acre, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, e Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Em 2002, a oposição vencera em apenas um estado; em 2006, em sete.

Serra somou mais 10,6 milhões de votos em relação ao resultado que obteve no primeiro turno. Agregou mais apoio nestes 28 dias do que a candidata eleita pelo PT. Em três estados, o tucano reverteu o placar desfavorável da primeira votação: Espírito Santo, Goiás e Rio Grande do Sul.

Quem sai de uma eleição deste tamanho só pode ser considerado um vencedor.

Com José Serra, as forças de oposição adquiriram uma estatura que se julgava alquebrada pela avassaladora força da máquina lulista. Nunca antes na história, tiveram de enfrentar uma luta tão desigual com o governante de turno. Nunca antes na história, estiveram submetidas a tão despudorado uso do aparato público e a tão descarada intromissão do chefe de Estado em assuntos político-partidários.

Não há dúvida de que Serra e a oposição saem desta eleição muito maiores do que entraram.

O PSDB governará oito estados a partir de 1º de janeiro – mais do que administra atualmente. Significativo é que dos seis estados que conquistou em 2006, os tucanos mantiveram-se no poder em quatro deles, e num quinto, a Paraíba, integram a chapa do novo governo eleito. Trata-se de um expressivo percentual de êxito e um sinal claro de aprovação da população às gestões tucanas.

Sob administração do PSDB estará 47,5% do eleitorado nacional. São 64,2 milhões de brasileiros. Considerando-se também os dois estados conquistados pelo DEM (Rio Grande do Norte e Santa Catarina), a oposição terá a maioria do eleitorado sob seu comando nos estados. (Vale lembrar que, embora do PMDB, o governador reeleito de Mato Grosso do Sul apoiou a candidatura Serra, aumentando ainda mais a força da oposição.)

Em seu sereno discurso após a proclamação dos resultados, José Serra deu o tom do que esperar desta oposição a partir de agora: mais luta. “Nesses meses duríssimos, onde enfrentamos forças terríveis, vocês (militantes) alcançaram uma vitória estratégica no Brasil. Cavaram uma grande trincheira, construíram uma fortaleza, consolidaram um campo político de defesa da liberdade e da democracia do Brasil”, disse ele.

Mais do que nunca, a oposição está preparada para exercer o papel que dela esperam seus eleitores: fiscalizar o novo governo eleito, cobrar-lhe o cumprimento das promessas feitas, proteger a sociedade dos excessos antidemocráticos, zelar pela liberdade e pelo amplo direito de manifestação, defender os valores mais caros ao nosso povo.

O PSDB manteve-se na defesa da ética e da democracia. Esta bandeira foi empunhada por 43.710.422 brasileiros. A mensagem das urnas é extremamente favorável às forças oposicionistas. “Tão importante quanto o resultado em si, é em nome do que se vence e em nome do que se é derrotado’, resumiu o senador eleitor por Minas Gerais, Aécio Neves.

As maiores dificuldades da oposição nos últimos anos decorreram de ter tratado Lula com o respeito institucional que um mandatário merece e não com o antagonismo partidário que o presidente preferiu protagonizar.

O respeito à figura do chefe de Estado vai continuar existindo, a vontade dos eleitores será honrada, o resultado das urnas jamais será desacatado. Mas à humildade de aceitar a vitória dos adversários se somará a altivez e a força de quem saiu das eleições deste domingo respaldado por maciço apoio popular, de norte a sul do país. Oposição existe para se opor. E assim será, desde o primeiro dia do próximo governo, todos os dias.

https://www2.psdb.org.br/index.php/agencia-tucana/artigos-e-entrevistas/artigos/vitoria-da-altivez/

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